Era primavera. Não deveria ser, mas era. Com essa demarcação sugestiva de tempo e lugar, João Andrade inicia seus contos de escuridão e rutilância, já provocando na linha inaugural um estranhamento. Se, por um lado, a realidade: o tempo e espaço querem familiarizar o leitor com seus conhecimentos de mundo; há, por outro lado, a estratégia de um autor que opta em não marcar esse tempo e espaço, provocando em quem dialoga com sua obra a interferência imediata do seu próprio imaginário. Na apresentação dos elementos desta narrativa, não só tempo e espaço ficam não definidos, como também seus personagens são nocauteados, no sentido de não serem nominados.
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